quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Agregando afinidades






Hoje o termo é tão comum que se confunde facilmente numa conversa informal tanto quanto numa referência acadêmica.A palavra comunidade ganhou asas, globalizou-se, orkutou e facebookou largamente, está nas cabeças e está nas bocas ( parafraseando Chico), é citada dentre uma a dez curtidas nas redes.Ficou gigante o que era restrito.

Em minhas antigas primaveras também existiam comunidades abstratas, nome pescado agora  na falta de um que melhor retrate o cenário daqueles anos 60.Pois, então, foram neles registrados o surgimento das muitas comunidades espontâneas que marcaram décadas e mudaram padrões.Lembram-se dos hippies e outros mais? Mexeram com as bases do tradicionalismo fundando uma comunidade mundial: a dos amantes da paz e do amor-livre.Não cheguei a ser tão ousada assim, mas participei dumas pequenas e exclusivas comunidades que me empolgavam bastante.Uma delas era a dos apaixonados por Júlio Verne.Era quase uma confraria secreta onde os leitores fiéis se reconheciam por citações das obras mais populares do autor ou pela recriação em escrita de suas aventuras mais célebres.Queríamos viajar a bordo do Nautilus ou navegar os céus num balão por 80 dias.Alguma semelhança com os fãs do Harry Potter? Toda! O que me remete a uma máxima: adolescente é tudo igual (rs).

Esta estranha consciência de comunidade( grupo afinado) é mais antiga do que temos notícia e não é monopólio das redes sociais e de seus gênios criadores.Estes, foram bons observadores das repetidas preferências pessoais e as elevaram de categoria.Compartilhar dos mesmos gostos aproxima e dá uma particularidade que detalha, tipo uma espécie de clube secreto de boas intenções.Nada censurável, só aproveitável.Uma partilha que desfaz o segredo de um só e o torna de muitos.Um culto, muitas das vezes, passado de pais para filhos e apreciado por gerações de uma mesma família.

Hoje temos comunidades literárias, cinéfilas, musicais, de poesias, de seriados da TV, de culinária e, muitas outras, tipo a blogosfera, grupos de apoio, grupos de ativismo social...As diferentes e benéficas comunidades proliferam nos dois mundos fazendo a diferença, agregando valores, comungando ideais, traduzindo gostos.



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Jules Verne __ o mais lido, publicado e traduzido autor do século XIX,nascido em 1928 na cidade de Nantes/França.Frequentador assíduo da Biblioteca Nacional, apaixona-se pela leitura de novas descobertas científicas que somam-se às muitas inspirações que o levam a compor grande parte de sua obra literária : " Cinco semanas em um balão", "Viagem ao centro da Terra", "Da Terra á Lua", "Vinte mil léguas submarinas", "A volta ao mundo em 80 dias", " A ilha Misteriosa", dentre muitas outras.

Abaixo, umas reproduções das ilustrações originais




( Cinco semanas em um balão / Édouard Riou e Henri Montaut)





( Viagem ao centro da Terra / Édouard Riou )







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Fontes: wikipedia.pt
ciênciahoje.uol.com
pinterest




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Murmúrios








Deslizam murmúrios
cantam águas, gemem pedras,
lira lisa range longe,
lenha feita de toadas.
Sonhar melodias é
tudo que mais preciso hoje.
(Eu)


Segunda canção de muito longe
( Quintana)


"Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro...

Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa...

Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe, trepadeiras trêmulas.

Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
e lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas, como vozes de leões[...]"




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Imagem: viagem.uol.com





sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sopros de ânimo e pães frescos







A fila nem era tão grande; grande era o cheiro do pão quentinho a borboletar por todo lugar, se oferecendo exibido por entre as treliças da enorme cesta de vime apoiada no balcão aquela hora duma tarde pintada em azul primaveril. Cores fortes, aromas, tudo isso mexe com nossos sentidos de maneira intensa, nos remete a outros tempos, outros lugares, vão desenhando nossas páginas vividas e deixando pinguinhos de tinta nas ainda em branco; promessas de escritas.

Estava eu bem atrás de duas mocinhas, bem jovens que conversavam animadamente e para meu assombro não era sobre namorados, ou redes sociais ou futilidades, as duas debatiam sobre os candidatos à presidência e, tudo o mais que tem sido visto nesta campanha esdrúxula. Mostravam-se desanimadas com os cenários que temos e estavam inclinadas a não irem votar.Foi aí, que não me contive.Eu e minha grande boca, na qual pus um sorriso e perguntei as idades, ambas de 17 aninhos, jovens eleitoras, estudantes do ensino médio, cheias de fórmulas e regras nas cabecinhas, porém, ao que me pareceu, muito curiosas e preocupadas com os rumos do país.

Não perdi a oportunidade de trocar umas idéias com as duas e lhes perguntei se viam importância em seus votos.Me responderam não achar que poderiam mudar muita coisa.Discordei.Resumi em poucas palavras, se é que isso é possível de assim ser dito, o quanto foi nocivo o tempo da ditadura, a supressão dos direitos civis dos cidadãos, as barbaridades cometidas em nome dum regime totalitário e opressor, o quanto isso deixou marcas por várias gerações que reverberam até hoje. Estarmos podendo exercer nosso voto é uma conquista maravilhosa, mesmo que ainda tenhamos um longo caminho de aprimoramento para uma democracia mais íntegra e plena, o que não pode nos esmorecer ante o desânimo de a vermos tão vilipendiada.Se cruzarmos os braços e nos omitirmos, aí sim é que não mudaremos nada, nunca. 

Refletir, ponderar sobre o atual cenário vivido.Considerar os interesses que precisam ser atendidos para que o país se fortaleça como nação e atenda a todos os aspectos da sociedade, é imperioso.Embora nenhuma mágica aconteça a curto ou médio prazo, favorecer que perspectivas acenem com vivências mais democráticas, alternando e equilibrando ações mais assertivas, podem abrir horizontes mais amplos.

A esta altura da conversa já havíamos deixado passarem quatro  pessoas em nossa frente na fila.Nos despedimos com sorrisos amigáveis e saímos com nossos pãezinhos fresquinhos e muitas idéias na cabeça.


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..." Então é isso. Então é assim.Apesar dos medos, convém não ser demais fútil, nem demais acomodada.Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem que ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido[...]"
( Lya Luft)





terça-feira, 21 de outubro de 2014

Meus olhos são sedentos







A história é contada de muitas maneiras, fiel ou manipulada, fantasiosa ou verídica, através da oralidade, dos registros, das lendas/fábulas, das fotografias e até das propagandas.Por isso ao ler uma destas representações da história me veio uma extensa imagem a partir dela.




" Se os seus olhos tivessem sede, o que faria? De certo atenderia o pedido deles!Mas os nossos olhos tem sempre boa vontade e raramente reclamam os cuidados que merecem. E é por isso que muitas pessoas não lhes dedicam a atenção necessária.Lembre-se de que seus olhos são indispensáveis em todos os instantes da vida e que em troca exigem tão pouco.Satisfaça-os! Dê-lhes um ambiente favorável, onde impere sempre uma iluminação ampla, correta e adequada.A sua luz é a vida dos seus olhos." 

Com esta apresentação a companhia de fornecimento de luz do Rio de Janeiro (Light), em 1939, buscava através dum texto um tanto poético atrair mais consumidores, já que ainda havia na época muitos relutantes ao uso da energia elétrica, principalmente, porque muitos acreditavam que as lâmpadas poderiam explodir em caso de alto aquecimento, logo, as campanhas de convencimento traziam até alertas quanto a saúde dos olhos que, submetidos à fraca iluminação dos lampiões caseiros sofriam sérios danos.

Mas, o que me chamou a atenção do dito anúncio foi mais que da época e do seu contexto histórico, o texto elaborado, lembrando os danos a saúde dos olhos e também fazendo uma analogia que dá o que pensar: se os seus olhos tivessem sede... e eles têm. Meus olhos têm sede de ver muitas e infinitas belezas.Os de todos nós, né mesmo? Nossos olhos sedentos querem ver maravilhas, serem as janelas enternecidas pelos fatos e atos engrandecedores da vida, serem as testemunhas das dádivas da natureza, das melhores horas, dos melhores gestos.Nossos olhos coloridos querem guardar o belo e o bom que há ao redor.

O que faremos com a sede dos nossos olhos? Iremos saciá-la, ora, dirão vocês! Só que não é tão fácil quanto parece.Nossos olhos andam sedentos há muito e esta conta só cresce, infelizmente.Nossos olhos andam quase desidratados pelas faltas recorrentemente desérticas, que racham os dias, os anos, a vida.Nossos olhos andam áridos de tanta secura de justiça, honestidade, respeito, integridade, cuidados e valorização da vida.Para saciá-los como merecem e precisam, eles não deveriam mais ver crianças em situação de risco de qualquer espécie, pessoas vitimizadas por toda sorte de infortúnios, idosos submetidos a ignomínias escabrosas, gente matando gente, matando bichos, matando a natureza, matando...Ah, como nossos olhos estão sedentos.Sabemos do que temos fome  e sede.Tomara sejam elas urgentemente saciadas.

Teus olhos estão sedentos de quê? 




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Imagens: olhar.uol
reclames do estadão 


sábado, 18 de outubro de 2014

Bom é café coado devagar






Pequena frustração matinal... arrumei a mesa do café, cortei o mamão, pus as fatias de pão na torradeira, preparei o café na cafeteira e me pus à mesa pra apreciar um gostoso café da manhã embalado pela música suave, em baixo volume que dá bons fluidos a esta manhã.Depois de uns minutos senti falta do aroma do café fresquinho, olhei pra pia e a cafeteira lá estava, muda, inerte.Virei, refiz a arrumação, mudei de tomada e nada.Nem sinal de vida. E agora? Meu cafezinho?Procurei no armário e achei ainda embaladinho o velho e salvador saquinho de feltro.Pronto, minha manhã estava garantida. Retomei a prática do café coado com a mesma habilidade que vi minha avó cumpri-la por manhãs a fio e pude enfim degustar deste prazer especial. 

Não é de hoje que ouço e vivo a constatação de que todos os eletrodomésticos são descartáveis, bem diferentes daqueles dos tempos de nossas mães e avós que tinham uma longa vida útil. Claro, que não espero que os de hoje se igualem, mas poderiam ser mais resistentes, virem com uma durabilidade confiável, afinal fazem parte da novíssima geração de maravilhas eletrônicas que nos prometem mundos e fundos em praticidades e economia de tempo. Huuum!

Nem tudo que se anuncia como verdade, o é, vocês sabem!Vivemos em tempos corridos, disparados em instantes esmagados entre um dizer, um fazer, um amuo e um sorriso e logo nos vemos no instante seguinte em outros afazeres e talvez muitos dizeres.Há um manancial de palavras, ditas e escritas, mas pouco vivenciadas, principalmente nas relações interpessoais. Estamos nos habituando a conversarmos com os dedos e perdendo a capacidade do diálogo.Isto é sério. Ontem, aqui em casa duas jovens não despregavam os olhos dos celulares e a todo instante tinham algo para teclar, porém mal se olhavam e, com relação a nós, os adultos, nem preciso contar como procediam,não é? Apesar dessas grosseiras comparações entre coisas e pessoas, movidas pelo constante sentimento de frugalidade que me faz divagar,peço licença poética. 

Nesses "tempos líquidos", como aponta Bauman, nada é feito para durar, tampouco sólido. Os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos, feito água.Uma das certezas da vida é sua inerente incerteza que ganhou contornos ásperos no que se refere aos relacionamentos humanos cada vez mais instáveis, flexíveis, impacientes.Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo ( sic),e se apresentarem defeito, descarta-se e pronto.Daí é correr pra "loja" e comprar um modelo novo, versão moderna.

O que ainda nos salva da obsolescência prematura é o amor parental, a família, nossa base, chão e céu, raro espaço de aconchego e carinho a nos alimentar o amor- generoso, o amor- real, o amor-próprio, vitais nutrientes para uma vida com algumas certezas.


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Zygmunt Bauman, sociólogo polonês,é um dos intelectuais mais respeitados na modernidade.Aos 87 anos seus livros publicados venderam mais de 200 mil cópias.Seu livro mais popular no Brasil é o "Amor Líquido", sobre a fragilidade dos laços humanos hodiernos.







Imagem:pinterest


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ensinantes e Aprendentes








"Quem é Deus, um menino me perguntou de repente, durante o exercício de matemática. É o fim da conta, respondi. Não sou mãe nem professora, só quis dizer o que sabia, que o infinito é esse mar que não para de bater, essa onda eterna, incansável. Deus deve ser essa minha soma, a que não acabará nunca."

( R.D.)






" Deitada no chão de terra, acompanhava o descaminho das nuvens esgarçadas, os encontros e desencontros lhe ensinando a infidelidade e o imprevisível. Brincara com nuvens mais do que com brinquedos. Vivera no céu mais do que na terra. Deitada no chão de terra. As nuvens continuavam ali."

(R.D.)

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Nestes excertos das crônicas da Rosiska Darcy, imortal da ABL, provoco a percepção do eterno aprendizado que nos rodeia, os infinitos espaços aprendentes, os inúmeros fatos ensinantes, as constantes lições que recebemos pela vida, pelas pessoas, pelo mundo.Somos todos aprendizes e isso é dádiva preciosa, pois, ao assim nos percebermos, alimentamos em nós a curiosidade e a humildade, fontes de vida cristalina.


Aproveito para agradecer de coração as muitas homenagens carinhosas que recebi pela passagem da data do Dia dos Professores e indicar a imperdível leitura do post da Ana Paula (Aqui), do ladodeforadocoração.blogspot.




Muito Obrigada em meu  nome e em nome de todos os professores e professoras comprometidos com a educação abrangente.



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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dezenas a comemorar








 Desde a semana passada tenho estado rodeada por uma dezena recorrente: "59", essa dezenazinha que diz muito agora e antevê vésperas duma redondeza marcante.O que a trouxe à baila? Três amigas aniversariantes, duas minhas contemporâneas, sim, porque eu  também estou na casa desta dezena, e a última, mais novinha, debutante da casa inicial dos "enta."A semaninha foi agitada, entre risos e lamúrias, cantos e palavrórios, idades na crista da onda das conversas e muitas congratulações.Claro, afinal chegarmos a uma marca destas é para comemorar-se bastante.

Há, eu sei, lá no fundinho do peito uma pequena resistência em assoprar a dupla de velinhas em crescente progressão numérica, mas sinceramente, isto é uma conquista e tanto, só não vale deixar a família colocar aquela infinidade de velinhas unitárias, aí já é provocação(rsrs).Pára com isso!

Elegância em foco, envelhecer é decorrência e não trago nenhuma ineditude em fazer esta mais que manjada declaração, porém a repito bastante pra que sua importância não se perca em lástimas penalizadas que não condizem mais com a intensa realidade que transcorre para nós, a maioria das cinquentonas.

Os sustinhos diante do espelho foram sendo substituídos pelos cuidados com a saúde física e mental, pela preferência por uma vida mais plena, ativa e promissora independente da quantidade de anos assinalada no calendário. Sem neuras com a aparência e sem também desleixar-se, vemos uma significativa leva de senhoras preocupadas com o bem-estar geral, bem cuidadas, sabendo usar uns creminhos aqui, outros ali, sem exagerar na dose. Uma  geração refinada em sua experiente elegância de ser e de viver.

Mas não são apenas amuos que amealhamos com o envelhecimento, acumulamos outros ganhos preciosos, ficamos mais livres, perdemos menos tempo com baboseiras, dispensamos o que não nos agrada, adquirimos mais paciência apesar da agudeza do olhar-crítico, ficamos mais seletivas e só preferimos as amizades verdadeiras e os amores gentis.


Uma das pioneiras deste time de mulheres em idade real, foi a fotojornalista Eve Arnold. *A primeira mulher a ingressar na restrita agência Magnum, em 1951. Seu olhar criterioso clicou famosos(as) e anônimos(as) com detalhamento para as sutilezas dos momentos em exposição, o que a tornou uma das fotógrafas mais requisitada da época.Em seus 99 anos de vida dedicou mais de 50 à profissão.Um de seus melhores trabalhos foi com a lendária atriz Joan Crawford, em 1959, que se deixou fotografar em diversos momentos por variados ângulos, desde uma ginástica matinal ao momento da maquiagem habitual, que evidenciaram com muita delicadeza o envelhecer daquele mito do cinema americano.



( Eve Arnold/ women's)


" O tempo traz
O tempo tira
O tempo falta
O tempo vigora
O tempo voa
O tempo não passa
O tempo é favor ou contra
Conforme a hora."

( Martha Medeiros)


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# Em tempo: meu aniversário foi em 15 de agosto passado.





Fonte: obvious.com
*_ trecho adaptado por mim
Imagens: tumblr/mdv17

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Aproveitem a chance de brincar com suas crianças, elas crescem rápido








"__ Bom é picolé que derrete devagar", diz o menino no vídeo com toda propriedade que lhe dá o conhecimento do fato.Coisa boa deveria "derreter devagar" e as ruins "virarem fumaça antes de se aproximarem da gente", como disse a neta duma amiga.

Nesta semana que vemos em todas as telas e vitrines amontoados de apelos consumistas às crianças, pais, avós e parentada se coçando pra comprar este ou aquele brinquedo para os seus pequenos e, assim se livrarem da obrigação da data, crianças alvoraçadas na frente da TV apontando pra cada monstrengo que aparece e dizendo:"Eu quero", e a meninada anestesiada frente aos ditames comerciais... me sinto uma E.T.

Eu sei, eu sei, vocês dirão: "__ Como a esta altura do campeonato você ainda se espanta com isso(?)";devo ter algum parentesco com a mulher-elástico por não conseguir romper com certas convicções resultadas de anos de experiências confirmadas, tipo as que me levam a repetir, pregar, debater que dentre os melhores presentes que pais, avós e parentes podem oferecer às crianças está a disponibilidade destes para com elas. Disponibilidade genuína, aquela naturalmente acontecida, parceria construída de pequenas grandes coisas do dia-a-dia, sedimentando e formando pessoas mais confiantes, mais felizes.

Do abandono completo á terceirização da formação/educação das crianças, muitas famílias têm atravessado lodaçais de infortúnios sem se questionarem aonde começou a responsabilidade delas em cada fato adverso.Delegam funções básicas da convivência e aplacam suas consciências com presentes caros, achando ( sabendo) que passados os primeiros 30 minutos de euforia, o tal brinquedo perde o interesse e não representa o intento da felicidade total.

Também já comprei presentes pros filhos e hoje pros netos, no Dia das Crianças e, não serei hipócrita em negar isso, porém, sempre usei de bom senso nas escolhas, procurando aqueles brinquedos que favoreçam a brincadeira conjunta ( na maioria das vezes).Não é o melhor dos mundos, mas que eu me esforcei/esforço para não transformá-los em pequenos déspotas interesseiros,ah, isso sim.

Os brinquedos feitos ou industrializados e as brincadeiras que eles possibilitam são instrumentos importantes para o crescimento e estímulo de formação de condutas benquistas na personalidade de cada indivíduo, mas não só. A dupla brinquedos+brincadeiras pode e deve ser aprimorada pelas boas parcerias entre os brincantes pequenos, médios e grandes, o que gera uma interação mais rica para todos.

Seja em que semana for, eu aconselho aos adultos desligados e reforço aos atentos que, refinem suas horas com suas crianças, disponibilizem-se na maior quantidade que puderem, estiquem os dias com  presença qualitativa, com disposição para o riso e para recuperarem suas infâncias ao lado dos infantes d'agora; tomem picolés que derretam devagar

 Nada substitui o calor humano.


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Feliz Dia das Crianças

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A história que temos e a que queremos










Há onze anos fiz o mesmo caminho em direção às urnas pra votar num plebiscito sobre a forma e o sistema de governo que deveria prevalecer no país.Nas discussões que se levantaram na época os simpatizantes pela monarquia eram rotulados de saudosistas, retrógrados e outros adjetivos parecidos e até vistos como folclóricos defensores duma fantasia que não cabia dentro dos moldes da modernidade que se queria no país.Sem entrar em disputas acaloradas, eu me posicionei a favor do presidencialismo que foi o ganhador do pleito.Fato vivido e sacramentado.

Agora estamos diante desta espécie de plebiscito, escolhido direta e claramente sacramentado pelos resultados que aí estão, confirmar ou negar a situação em poder.Exercitar a democracia é o maior ganho de todo o jogo, abrindo expectativas de que, sim, nesse outubro é possível vislumbrar um futuro mais íntegro, pautado na sensatez e na justiça, embora saibamos sem ilusões que a totalidade destas vivências não ocorrerá, porém ao menos, façamos a aposta de que serão possíveis se o conjunto da sociedade organizada empenhar-se em fazer valer suas prerrogativas.

Malfeitos são tão seculares na política brasileira quanto sua existência; nasceram geminados, infelizmente, pois, a própria proclamação da República veio dum reconhecido monarquista insuflado que resolveu acabar com as pressões que vinha sofrendo e num gesto impetuoso baniu o monarca e se tornou o primeiro presidente do país.Tenho quase certeza de que na manhã seguinte, ele, Deodoro, deve ter se perguntado diante do espelho de barbear: __ O que foi que eu fiz? E dali pra frente não conheceu mais a tranquilidade que tanto queria preservar.

De lá pra cá muitos avanços, imensos recuos, retomadas de rotas, desvios funestos, correções conquistadas, ilusões desfraldadas e outras tantas circunstâncias que virão mas que não podem, nunca mais, serem enxergadas de forma simplista, inquestionáveis ou aplaudidas sem séria avaliação pautada na ética, porque sem ela( ética) não existe moralidade e nem o devido respeito às instituições que sustentam uma verdadeira Democracia, como a que aspiramos um dia virmos a ser.

Nas próximas semanas, o  tempo é de respirarmos fundo e avaliarmos com justeza os rumos que queremos para construir um país do qual possamos nos orgulhar. As urnas nos esperam novamente,não vamos decepcioná-las.






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Imagens: tumblr( moon)




sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Este outubro pode ser inaugural








Esse parece mais um início de mês igual aos anteriores.Parece um decurso normal, idêntico a tantos, banal para muitos, especial para outros, diferente ou semelhante, corriqueiro talvez e, por isso tão importantes em suas aparentes horas igualadas; ledo equívoco este, onde mora o comum num piscar de olhos pode vir a habitar o incomum.

Que por incomum saiba-se algo fora da estatística e totalmente possível; novidades, perspectivas, detalhes escondidos que fazem a diferença ao serem vistos, tornando-se certezas.Dias novos, novo mês...o mesmo vento, o mesmo céu,nada pode mudar, assim pensam os iludidos, acomodados, plantonistas da mesmice.

Pra esses novos dias desse novo outubro, espero dias claros em suas límpidas semelhanças a outros iguais, desenhados por traços fortes de ousadia, destacados nas minúcias dos detalhes importantes, salpicados de constantes lances de lucidez,pintados na sensatez da mudança, garantidos na dissipação da continuidade nociva, pontilhado em cores que façam da reflexão- crítica uma condição vivida, iluminados pela perfeita "pré-visão" de um futuro mais íntegro, mais digno e, de verdadeiro alcance. 


Esses dias passarão, mas espero que deixem após isso, marcas consistentes dum porvir melhor.


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" Nos dias quotidianos
É que se passam
os anos."

( Millor Fernandes)





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