quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ao sabor dum cappuccino










Esperando a vez de receber meu cappuccino no balcão, sorri junto com as duas moças próximas a mim, quando uma delas disse:"__ Agora vou passar na banca e comprar dois gibis.Hoje eu só quero ler amenidades;pausa na profundidade."

Puxei conversa e contei à elas que minhas filhas reclamam disso muitas vezes, porque é tamanho o volume de estudos teóricos que acabam por cansarem a mente e aí vão atrás dum pouco de leveza, de distração...Separei-me delas e fui degustar daquela mistura deliciosa num cantinho da cafeteria acompanhada duma boa e leve leitura.Lembrei que fazia um tempinho que eu não visitava uma banca de jornais.Na meninice isto era um hábito quase diário e muito esperado.Eu lia sempre os quadrinhos da turma da Luluzinha e da Disney, mas o que me encantava mesmo eram as publicações dos contos clássicos em quadrinhos.Uma vez ao mês saíam os exemplares coloridos em encadernação requintada, edição em tamanho grande o que aumentava a proporção das gravuras e das letras deixando a edição em formato de álbum.Eram lindas e eu as colecionava toda feliz; O Gato de Botas, Aladim e a Lâmpada Mágica, A Ilha do Tesouro e tantos outros títulos que abriam um portal para as histórias de outros tempos, de outros mundos encantados e me levavam a viajar embevecida por cada um deles.

Embora fossem destinadas ás crianças e jovens, estas publicações conservavam, na medida adequada, a correta linguagem escrita da língua portuguesa com todos os seus "effes e erres" num respeito perfeito á gramática, o que me faz hoje considerar tal situação como de enorme ajuda na minha aquisição da leitura e da escrita, assim como deve também ter ocorrido com todos os apaixonados por estas publicações.

Hoje, dou enorme valor a tais leituras da meninice e sei que foram( e são) promotoras de avanços na linguagem falada e escrita de crianças e jovens, ainda mais nos dias atuais em que a miniaturização da comunicação oral e escrita está cada vez maior.Certos jovens se comunicam com tamanha economia de palavras que temo que futuras gerações acabem emitindo grunhidos ao invés de palavras. Fora exageros, vê-se isto no mundo virtual e real pra todo lado e até para alguns adultos que quando são convidados a elaborarem descrições ou análises sentem-se incomodados em precisarem expressar-se em mais de 140 caracteres.

Tive um professor na faculdade que me contou sobre um hábito seu praticado a cada vez que era preciso elaborar um artigo e/ou relatório, disse-me ele que em dias precedentes ao trabalho, recolhia-se em sossego e lia Machado de Assis ou Graciliano Ramos ou outro mestre da nossa literatura afim de não perder o contato com as construções memoráveis da língua escrita, suas frases completas, suas palavras bem empregadas e só depois disso sentia-se de novo apto a desenvolver seus trabalhos escritos.

A neurolinguística afirma, e não é de hoje, que nossa mente precisa de desafios para produzir sinapses evolutivas.Ao lermos sempre os códigos linguísticos já apropriados não estamos proporcionando desafios novos, embora estejamos alimentando e beneficiando mente e espírito de todas as maravilhas proporcionadas pela leitura, ainda assim é necessário que se avance mais nesta prática e, aconselham os estudiosos da área que devamos ter em mãos duas leituras em tempo simultâneo: uma de lazer e outra de desafio, que eu entendo como sendo a leitura de clássicos, que irão nos fazer bulir com os neurônios para assimilarmos toda a obra literária.Então, vamos chamar Eça, Machado, Lima, Júlio e tantos outros prum cappuccino?Vai valer a pena! 








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9 comentários:

  1. Pois então, minha cara amiga, hoje eu almoçava com o marido no centro e falávamos justamente disso, do pouco vocabulário que os mais jovens têm hoje em dia, e deve ser justamente por conta da pouca leitura e de apenas focarem em seus trabalhos ou leituras técnicas. A gente pode perceber isso até mesmo ouvindo um ou outro conversando ao lado num restaurante. Havia uma mesa com vários colegas de trabalho, a maioria na faixa de 30 anos e falavam assim, com uma linguagem de clichês como: "Então ... tipo assim ... engessar ... " e o pior mesmo é quando utilizam palavrões pela falta de um vocabulário rico, como o que assisti noutro dia neste RockinRio, um dos cantores de uma banda só falava palavrão em uma frase pequena, ele até se repetia já que não tinha como expressar o que estava sentindo com outras palavras.
    Sim, é muito necessário que as pessoas leiam mais, mesmo que seja numa breve pausa para um capuccino ou numa espera de médico, ou num ônibus como fiz hoje à tarde voltando da cidade. À propósito, comprei por lá aquela biografia que eu tanto queria daquele senhor das guerras, lembra? Tô amando!
    beijinhos cariocas


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  2. Olá!Boa noite
    Calu
    texto gostoso de ler, pena que não tenho um cappuccino aqui
    ...é verdade, as crianças iniciaram um processo na alteração de sua linguagem, que levam à desvalorização da mesma, as gírias, o uso constante de programas de mensagens de texto ou abreviações (somadas as abreviações americanizadas que muitos nem sabem o que significam.) e o perigo desta situação é a estreita vinculação que existe entre o vocabulário e o pensamento, ou seja , sem palavras pode haver um empobrecimento gradual do intelecto .O grande problema é que a incorporação de palavras dificilmente ocorrerá já que outro bom costume está esquecido, o da leitura...por isso , precisamos criar meios e hábitos de leitura, e por isso , concordo plenamente que
    devamos ter em mãos e oferecer ,sempre, duas leituras em tempo simultâneo: uma de lazer e outra de desafios, pois sempre entendi, no sentido de recebê-los e encorajá los, que não existe coisa melhor do que ter hábitos das práticas de leitura com as
    quais mais se identifiquem...
    Agradeço pelo carinho
    Belo dia
    Beijos

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  3. Uma leitura acompanhada de um cappuccino quentinho é tudo de bom, né?
    Eu também me divertia com o Bolinha e a Luluzinha mas como você bem escreveu temos que "bulir" com nossos neurônios..rs
    Gostei muito do seu texto
    Você escreve muito bem, querida
    Linda tarde
    Um beijinho carinhoso de
    Verena e Bichinhos

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  4. Calu,que delicia recordar esses gibis! Eu tb lia Luluzinha,Disney,e me lembro desses classicos.Tinha Peter Pan e lia e relia até cansar!...rsss...a leitura era bem diferente de hoje em dia. Mesmo os gibis eram mais instrutivos ! Tb tenho o hábito de reler romances nacionais, mas faço isso porque gosto e não sabia que fazia bem para os neuronios! Que bom! Texto excelente,gosto de te ler.bjs,

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  5. Vim deixar um beijo praiano e em vez do cappucino, uma água de côco,rs chica

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  6. Oi, Calu! Lembro-me que na adolescência lia os recomendados livros de literatura com um dicionário na mão para compreender as palavras rebuscadas. vejo o quanto esse hábito só me fez evoluir.
    Embora tenha escrito em tom de brincadeira, fiquei a pensar que sua teoria sobre os futuros grunhidos da humanidade bem parece fazer sentido...triste isso, não? Ainda é tempo de resgate cultural com leitura de boa qualidade. Um abraço!

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  7. Bom dia, Calu!!

    Ah! Minha amiga, não poderia estar mais de acordo!!!!! Como é importante a boa leitura, desde a mais tenra idade!
    Também me canso das teorias, mas ultimamente tenho me cansado mais das amenidades!rs Minha mente anda "sedenta"!!
    Busco o complexo, o intenso o complemento! O conhecimento é chave que abre as portas! E como precisamos dele!
    Beijos!! Tudo de bom pra ti!

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  8. Ah! ADOREI A LEITURA, MAS O CAPPUCCINO FIOU EM DÉBITO.

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  9. Amiga, puxa, obrigada pelo convite: aceito e com a boca cheia d'água o cappuccino, que amo! Acompanhado de biscoitinhos amanteigas, hummmm..., então fica perfeito!
    Puxa, você me despertou: há quanto tempo não leio um clássico! E é tão prazeroso!
    Obrigada pelas sugestões, amiga.
    "Um Conto de Natal", é de Charles Dickens, né?
    Decidido: já li e vou repetir!!!

    Deus abençoe!
    Bjs!!!
    Karin Filgueira
    BLOG: - Meu Doce Lar

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Teu comentário é o fractal que faltava neste mosaico.
Obrigada por tua presença querida!