sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Educação e Perseverança - mistura perfeita


 Todos os dias,vemos descompassos pra todo lado.Verdade; mas, quando encontramos  belas sinfonias que  fazem o coro da vida ser mais melodioso, somos tomados duma alegria contagiante.
No post anterior destaquei a falta de educação-cidadã presente no dia-a-dia de nossas cidades.Hoje venho lhes mostrar a vitória duma educação ampla e irrestrita, aquela que se faz em todas as nuances da vida.È a história real do jovem tenor que vem conquistando platéias em todo mundo, Jean Willian.Nascido no interior da Bahia, criado em Barrinha, região canavieira de Ribeirão Preto, com a separação dos pais aos três anos de idade foi viver com seus avós.O avô, bóia-fria e autodidata em violão,violino e acordeão, inspirou no neto o gosto musical nas noites de seresta sertaneja.Aos oito anos cantava no coral da igreja acompanhado pelo avô ao violão.Era sempre chamado para dar uma "canjinha" nas festas da escola e da cidade.Com sua voz privilegiada, arrancava aplausos constantes.

Ainda no ensino básico teve duas professoras que lhe incentivaram a estudar música.Apresentaram-lhe os clássicos, os gêneros da MPB e outros.No ensino médio, aos 16 anos, num recital no colégio, ganhou a admiração duma professora, Julia dos Reis, que juntamente com o marido, adotaram informalmente Jean, como o quinto filho do casal, proporcionando-lhe estudos mais avançados de música e línguas.Até que em 2004, ingressou na USP de Ribeirão Preto, no curso de música erudita.Formou-se e amplia seus estudos entre uma apresentação e outra. 

Exemplo de vitória e crença na educação formadora e,grato aos professores que acreditaram e incentivaram seu dom, Jean, é um jovem e promissor tenor, fruto duma educação cidadã e comprometida que revela o melhor de cada um.Ele sim, uma celebridade digna de aplausos.Assistam um trechinho deste jovem artista brasileiro.
"... Fé na vida, Fé no homem, Fé no que virá[...] a Educação como avenida para o desfile da vida!"



Trecho: música de Gonzaguinha
imagem: imagenesgratuitas.com


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pista de Obstáculos

Nada mais normal para uma dona de casa do que ir ao supermercado ao menos duas vezes na semana. Assim sigo minha agenda semanal, ás vezes, alterada um dia pra mais, mas tudo dentro do previsto.O que de uns tempos pra cá não tem estado nesta previsão é o aumento da falta de educação dos motoristas de carrinhos.A cada dia cresce assustadoramente o número de pessoas irritadiças,grosseiras e de maus modos num ambiente que é quase um passeio público, onde a circulação deveria ser feita de maneira adequada, já que estamos todos guiando uma ferramenta deslizante.

È gritante o descaso diário com as boas regras de educação nestes espaços ( em outros também); mas voltemos ao mercado.Pra todo lado há carrinhos atravancando os corredores, alguns até atravessados na horizontal impedindo a passagem e o que é pior, sozinhos, enquanto o "dono ou a dona" buscam produtos dez prateleiras adiante.Ora, se ia se deslocar pra longe, deixasse seu carrinho num vão fora da passagem, mas pouquíssimos(as) fazem isto. E os desligados então, fujo deles, são atropeladores por excelência.E como dói um tranco na canela! Há os ultra distraídos(as) que pegam o carrinho errado.Comigo já aconteceu e, a dama em questão nem se desculpou, virou as costas e saiu em busca do carrinho perdido. As gentilezas são raras neste território. Até existem e quando recebo uma me acabo em agradecimentos. 

E quando acho que está na boca do caixa o fim da maratona,sempre me engano, ainda falta o desafio do estacionamento.Uma verdadeira prova de resistência diante do festival de abusos, a começar pelos carrinhos largados em qualquer lugar, de preferência atrás do carro vizinho da vaga daquele(a) que acabou de descarregá-lo.Já vi um carrinho vazio desgovernado descer o desnível do estacionamento e atravessar a rua em disparada forçando os motoristas a frearem bruscamente.Por sorte é uma rua secundária, mas acho que se fosse uma avenida,o usuário do bólido teria agido da mesma maneira. 

Adultos que agem assim , não tem condições de dar uma educação cidadã para seus filhos ou netos.As crianças e jovens que os acompanham nas atividades pelo comércio estão observando as posturas e logo imitando-as. Já vai lá pela pré-história o ditado de: " faça o que eu digo e não faça o que eu faço". Isto era desculpa esfarrapada pros pais autoritários imporem sua vontade.
---------------------------------- 
Vcs já pararam para pensar no vetor de fungos e bactérias que são as barras de condução dum carrinho de supermercado? Gente, né brinquedo, não! Há um estudo feito na Coréia do Sul, que constatou a presença de mais de um milhão de germes nas barras destes carrinhos. As pesquisas enfatizam que as barras dos carrinhos estão entre as superfícies mais contaminadas até do que os metais dos banheiros públicos.
Overdose de álcool-gel nas mãos depois das compras, viu? 

Imagem: photoaki.com

sábado, 25 de agosto de 2012

Tela Azul


Em fundo azul-límpido, Gaia maneja seus pincéis com maestria inconfundível.
Tela extensa, cores fortes, beleza perene.
Encantem-se! 


Em verde e vermelho
no fundo azul
amendoeira mesclada. 


Redondos e verdinhos
limões pendentes
no vasto azulado. 


Oito botões fúcsia
dançam no galho
do lindo bouganville. 


Matizes e ramados
riscam o azul
desenho verdejante.
****  
Fotos minhas, hoje, inverno 2012.
Esta é uma temporada especial.
Carpe Diem!
------------------------------ 
Um lindo fim de semana para vcs!
Calu

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Lugares do Coração

Quando começamos uma arrumação, geralmente vamos estendendo a função até onde não prevíamos.Acho que em toda casa deve ser assim.Vira, mexe, remexe e saem coisas impressionantes do baú.Hoje completam doze dias que a minha turma se mudou e eu ainda me encontro às voltas com arrumações e rearrumações.Numa dessas, volto a mexer nos álbuns de viagens e paro tudo, sento no chão e folheio com vagar cada página, abrindo o espaço das boas memórias dos lugares.E, revejo também os sentimentos que muitas vezes nos tomam na visita a certos deles.Lugares que dizem mais que o interesse de conhecê-los.Aqueles por onde passamos e que moraríamos ali, nem que fosse por um período de tempo determinado, mas sim,gostaríamos de ali ficar.

Descobrir tudo que não sabemos e aprender tudo o que vemos.Nos esvaziar de rotinas antigas e criar novas.Não como desprezo das antigas, mas como adoção das novas e nos reinventarmos.Seguir o ritmo do lugar, fazer novas amizades, aprender com as dificuldades( até o paraíso tem pedrinhas), enfim renovar os olhos e o coração.Não seria bom se pudéssemos nos livrar de toda burocracia que nos ata e de mala e cuia partir prum lugar sonhado? Nos permitir sairmos com lenço e documentos, porém abertos à nova experiência.

Depois que assisti ao Exótico Hotel Marigot, permaneço com a história na mente e no espírito, mas filme bom é assim, nos acompanha durante longo tempo e há aqueles que nunca vão embora, é o caso; e ontem me voltou n'alma esse desejo de chegar pra ficar,ao menos em dois dos lugares que visitei, tornar-me uma residente.
Um deles é Paraty-RJ 


O outro é Saint Paul de Vence- Cotê D'Azur 


Se eu parar para selecionar mais, claro, que a lista aumenta, mas estes dois lugares que destaquei me falam à alma duma maneira intensa. 
E vcs? Já pensaram nesta possibilidade alguma vez? Se não, pensem agora. Contem em quais outros lugares vcs gostariam de morar um tempo ou pra vida toda. 
------------------------------------------------ 
Gente, não postei minhas fotos porque não consegui escanear(rs).

Imagens:Paraty.com(turismo) 
Office du turisme de Saint Paul de Vence 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ressonâncias - BC Amor aos Pedaços


Estivemos em consonância na BC Amor aos Pedaços, proposta pelas amigas: Rute, Rosélia, Luma Rosa e Gina, que nos convidaram, para de almas dadas, expressarmos as alegrias, os desamores, as expectativas, e o que mais nos falasse os sentimentos.
A participação foi intensa, o congraçamento também.Em cada etapa as melodiosas cirandas acontecidas deram música ambiente às palavras colhidas em cada coração e todos(as) reviram os tons e semitons da melodia da vida.
Agora, os ecos ressonantes desta ciranda vem orquestrar em síntese estes Pedaços de Amores reunidos, e para animar a festa trago mestres da nossa música popular, que souberam cantar tão bem amores e dores. 


Encantamento 

..." Ah minha Portela,
quando vi você passar,
senti meu coração apertado
todo meu corpo tomado
minha alegria voltar.
Não posso definir 
aquele azul
Não era do céu.
Não era do mar.
Foi um rio que passou
  em minha vida  e                
  meu coração se deixou levar..."   


Desencanto 

"...Quando vc foi embora
fez-se noite em meu viver.
Forte eu sou, mas não tem jeito
hoje eu tenho que chorar.
Minha casa, não é minha e
nem é meu este lugar.
Estou só e não resisto,
muito tenho prá falar. 
Solto a voz nas estradas,
já não posso parar.
Meu caminho é de pedras,
como posso sonhar?
sonho feito de brisa,
vento vem terminar.
Vou fechar o meu canto,
vou querer me matar![..]
    

Esperança 

"... Andar com fé ,eu vou
que a fé não costuma faiá...
A fé tá na mulher
a fé tá na cobra coral.
 Num pedaço de pão;
A fé tá na manhã.
A fé tá no anoitecer,
Oh, Oh!
No calor do verão;
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
pelo sim, pelo não,
Oh, Oh..."  


Questionamentos 

"... O telefone tocou novamente
Fui atender e não era o meu amor,
será que ela ainda está muito 
zangada comigo?
Que pena, háhá,
que pena;
Pois só ela me entende
e me acode,
na queda ou na ascensão.
Ela é a paz da minha guerra,
Ela é meu estado de espírito
Ela é minha proteção,
que pena, háhá
que pena..." 


Reintegração 

"... Caminhando contra o vento
sem lenço, sem documento
num sol de quase dezembro
eu vou!
O sol se reparte em crimes
espaçonaves, guerrilhas
em cardinales bonitas,
eu vou!...
Por entre fotos e nomes
os olhos cheios de cores
o peito cheio de amores
vão;
Por que não?" 
***** 
Estes bambas setentões fazem parte da trilha musical da minha vida e creio da de muita gente também, portanto, vieram a meu convite, musicar a 6ª fase dos Pedaços de Amor encaixados pelas amadas cirandeiras.
Obrigada meninas! 
---------------------------- 
             Paulinho da Viola_ Foi um rio que passou em minha vida (1970)
Milton Nascimento_ Travessia (1967)
Gilberto Gil_ Andar com fé (1982)
Jorge Benjor_ O telefone tocou (1970)
Caetano Veloso_ Alegria, Alegria(1967)

domingo, 19 de agosto de 2012

Atrás da Porta


No azul da porta
nos canteiros floridos,
no terreno da frente,
nos passos retidos,
no coração saltando
de dentro do peito,
o medo do novo
perde sua cor e
a boa promessa
convida a saber
o que pode haver
depois do degrau:
surpresas, tristezas,
encantos,vazios...
Só indo adiante
para descobrir
o escondido no 
vão do azul-real
convite constante
qu'a fresta aberta
não deixa esquecer;
então, vá ver!!

(Calu)
***
Desejo que atrás de suas portas, vc só encontre claridade e beleza.
Profitez du jour prèsent!
-------------------
Imagem:weheartit.com


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Flores Desperdiçadas





Soube hoje que uma colega educadora, profissional competente e compromissada, foi demitida.Mais uma entre tantas injustiças que acontecem minuto a minuto neste nosso mundinho mercadológico que arrebanha valores e consciências.Caso de lamento ocasional e ponto final. Impossível!

Primeiro, por tratar-se de uma profissional altamente capacitada, que devotou a vida à causa educacional.Segundo pela maneira como se deu o ato, com desprezo e desrespeito à pessoa e à profissional que é, tendo trabalhado durante 20 anos nesta instituição com empenho,para ao final ouvir secamente do diretor que "o casamento deles" havia acabado.Sim,continuou ele, pois era uma relação igual a de um casamento sem intimidades e havia chegado ao fim, portanto ela deveria deixar o colégio em seguida e vir esvaziar sua sala no sábado que um inspetor escolar a ajudaria nisso.

Fiquei de queixo caído.Trabalhamos juntas por cinco anos. Não somos amigas, mas boas colegas, porém nada disto tem qualquer diferença na situação.Mais uma profissional com capacidade recebeu o carimbo de ultrapassada e descartável. Ela, claro, terá outros convites, pois é conhecida na área educacional da cidade, mas o episódio traumático e injusto, com uma pessoa dedicada, sempre buscando atualizações, que alavancou o nome dum colégio, jamais será apagado.

Qualquer demissão carrega o menosprezo em seu bojo, ainda mais quando é injusta.História elástica no mundo do trabalho que fantasiou o "mercado" dando-lhe caracteres humanos e robotizou as pessoas, principalmente as de cargos de chefia.

Eu , como sou uma manteiga derretida, sofri meses ao ter sido obrigada a participar da dispensa de um professor por absoluta falta de compromisso com a instituição da qual eu era supervisora ( não esta citada agora) e vejam, que nem era eu a protagonista do ato.Só estive ao lado da diretora no momento crucial.Tive meses de insônia e descobri ali, que minha praia era educar as novas gerações e não gerenciar as demais.

Não entendo, como ainda hoje, com exemplos de muitos casos de profissionais com mais de 50 anos, totalmente aptos para o trabalho, ou retornando ao mercado em funções de orientação/ ensino-aprendizagem, justamente na área educacional, aconteça um absurdo desses.
Há algo de podre em algumas mentalidades. 
*** 
Imagem:flickrpatriciojr

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Minha Criança


Co'um raio de sol 
na palma da mão
acordei a criança 
trazida guardada
na clara retina,
 e juntas saímos
co'a luz matutina
  a sorrir pro céu,
a pintar nuvens, 
a dançar n'água,
cantar pr'as flores,
ninar bem-te-vis,
desenhar n'areia,
pisar algodões,
apagar lágrimas,
a beber a chuva,
a provar canções.
E de almas dadas,
risonhas, felizes,
 deitamos cansadas
debaixo do azul, 
ouvindo algazarras
que em revoadas
faziam, andorinhas
tontas,enluaradas.
(Calu)
****


Gente querida, hoje é meu aniversário e convido "a criança" que mora dentro de cada um(a) a vir brincar, rir e cantar e, claro provar um bolinho, mesmo virtual.
Agradeço todas as bençãos recebidas, todos os carinhos, todos os amores, todas as amizades.Obrigada!
Lindo dia pra vcs!
Calu
----------------------------
Imagens: flickrluana


sábado, 11 de agosto de 2012

Antes assim __ Agora assado


Com um pouquinho de exagero, esta poderia ser a foto oficial de minha família(rsrs) há uns 20 anos atrás. Filharada cheia de energia e a mil por hora e a gente sem receita pronta e nem bússola especial para pais e mães desgovernados. Resta-nos içar velas e lançarmo-nos ao mar dos dias, rezando para não acontecerem tempestades e furacões.Mas, acontecem. E aí, é segurar firme nas convicções trazidas da educação de nossa infância e pô-las imediatamente em prática. 

Com a mão na massa, mesmo frente à quentura do forno, a gente aciona uma luz-reserva e se pergunta silenciosamente:"Estou usando a postura correta nesta situação? Tô pegando pesado demais? Tô sendo condescendente?" 

As resposta ficam pr'as horas noturnas, a dois, nos travesseiros paralelos, onde ainda pais, somos também filhos e o chão da infância se estende nas identidades com o ocorrido.O que aconteceu lá serve para o que acontece aqui? Perguntinha capciosa, mas necessária.E é através dela que nós, pais e mães, nos reinventamos.

Levando-se em conta de que estas atitudes de reinvenções ocorram no melhor dos mundos, o que se dá bem menos do que deveria,como pacientes jogadores da memória, juntamos os pedaços bons, adequados, coerentes que vivemos, aos pedaços atuais da mesma quantidade, acrescentado uma pitadinha de personalidade aqui e ali pra não desandar a massa e garantir que a receita seja saborosa, mais que isso, nutritiva. 

Cada pai e mãe traz na bagagem seu livro íntimo de receitas testadas aprovadas ou não.O desafio é aprontá-las na hora certa e aumentar ou diminuir os ingredientes, aqueles que sempre precisarão serem atualizados de acordo com seu tempo e seus gostos. 

Uma dica de receita está em não se desprezar as misturas conservadoras, mas adaptá-las às temperaturas atuais, enriquecê-las com suas descobertas sem perder a liga da massa. Difícil, não impossível.
***
Imagem: disneywalpaper

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Encontros Poéticos


A força de uma poesia   
Semana passada num trecho de entrevista no programa da TV Escola, abordando o incentivo à leitura em seus variados gêneros, o escritor Rubem Alves lembrou trecho do filme O carteiro e o poeta para dar exemplo da força que uma poesia pode ter.
No filme, existe uma senhora, dona de um restaurante, que tem uma neta, uma moça muito bonita. Um rapaz da aldeia é apaixonado por ela e a velha vive a vigiar os dois... 
Certa noite, a jovem demora a chegar em casa e a avó fica louca de preocupação. Mal sabe que estão juntos na praia, mas na maior inocência, sem fazer nada demais.
Assim que ela retorna ao restaurante, a avó pergunta:
__ Aonde você estava? 
A moça conta a verdade.
___ Ele fez alguma coisa com você? __ continua, sacudindo-a. 
___ Ele me disse uma poesia. 
A velha suspira:
___ Então você está perdida... 
***
Imediatamente o episódio relatado me jogou no balaio de lembranças juvenis.A situação era idêntica à que eu vivi  na companhia de meu primeiro namoradinho.Ambos cursávamos o 4º ano ginasial em colégios diferentes.Naqueles idos  de 1970, muitas famílias mantinham as rédeas curtas com os enamorados e comigo se dava assim.Dias de namoro eram as terças, quintas, sábados e domingos das 19h às 22h, e ponto final. 

Ele( o namorado) se queixava de nunca podermos dar um passeio, tomar um sorvete, pois se pedíssemos  à minha mãe permissão, ela mandaria minha avó nos acompanhar e nós ficávamos com pena de incomodá-la após um dia de trabalho em sala de aula, além do que queríamos um tempinho sozinhos, mesmo que cercados de outras pessoas. Então, nos resignávamos e ficávamos no portão conversando com  os amigos e amigas da rua que eu morava.

Num belo domingo ele me propôs, que no dia seguinte depois da aula, fôssemos lanchar numa lanchonete nova que abrira na rua do cinema Icaraí. A aventura me tentou e concordei.Dia seguinte, hora marcada, pego o ônibus e lá vou eu pro encontro com o coração aos pulos.Ele já me esperava na porta da lanchonete com os livros no braço e um sorrisão no rosto. Sentamo-nos, pedimos, lanchamos  nos sentindo um verdadeiro casal.Às 14 h, já estava eu dentro do ônibus a caminho de casa. Cheguei tão sorridente que minha mãe logo me interpelou por onde eu havia andado até aquela hora. Contei tudinho e expliquei que se tivesse pedido ela não me deixaria ir.

O teto desabou na minha cabeça. Fiquei de castigo uma semana e nada de namoro, nem por telefone.Me senti culpada por ter omitido "o encontro" fora das vistas dela, mas foi um passeio inocente  de dois adolescentes brincando de gente grande.
Minha mãe não acreditava na força de uma poesia. Uma pena! 

Imagem: ilustração by Fletcher

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Beleza em Grãos - Teia Ambiental


Dou o maior valor ao artesanato.O produto final que se apresenta ao mundo não é apenas um conjunto de elaborações mecânicas.È, antes de mais nada, fruto de sensíveis experiências criativas por parte do artesão/artesã que ali pôs sua dedicação, seu esforço, seu carinho para realizar aquele objeto único de identidade própria e que muitas das vezes deixa em seus criadores uma saudade perene ao ser comercializado. 

Este sentimento me é mais forte ainda, quando reconheço nos artistas a preocupação com a natureza, como é o caso do uso das sementes descartadas e /ou coletadas ao pé da árvore-mãe como matéria-prima de colares, anéis, pulseiras de grande beleza. Desde arranjos para as mais variadas finalidades até as chamadas biojóias originalíssimas, temos hoje variadas opções de adornos que são verdadeiras obras de arte reconhecidas nacional e internacionalmente. 

Não sei se é influência do meu nome, mas sou chegada nuns balangandãs.Adoro bijuterias;com parcimônia, claro, porque não sou adepta de parecer uma árvore de natal ambulante.Assim, me delicio com as inúmeras espécies destas bijus-naturais que aproveitam o descarte e recriam vida nas formas que a natureza criou.Esta minha preferência visível me faz ser muito presenteada com peças lindas, nem todas naturais é verdade, mas mesmo assim, de bom gosto.Tenho algumas que já comemoram 20 anos de companhia. 



É o caso desses dois colares que ganhei de alunos(as).Ambos são feitos de argila. O de cores neutras é bem rústico.O colorido teve a argila vitrificada e trabalhada. Adoro os dois.

Revisitar as atitudes ancestrais renova ações que estão atávicas em nosso inconsciente coletivo.Os antigos povos coletores foram os primeiros ecologistas da humanidade e devem ter feito artefatos mirabolantes com o que a natureza os ofertava. 

(imagem cedida pela Bia)

Há muitos exemplos de trabalhos belíssimos com sementes e outros materiais naturais espalhados pela blogosfera.Destaco os da amiga Bia, do blog www.jubiart.com.br, onde ela exibe peças de bom gosto e originalidade. 

O assunto não se esgota aqui.Há muitas outras expressões artísticas que seguem a pegada ecológica e surpreendem em beleza.
*** 
Imagens: portalsãofrancisco(sementes)
foto minha

sábado, 4 de agosto de 2012

A lua que nos cobre




Tire os olhos
de dentro 
de casa.
Veja este luar
 que a tudo 
alcança.
Banhe-se
 no magnífico
 sol noturno
 que rodeia
o firmamento 
em andanças.
Desfrute a
 dádiva 
divina,
e escolha 
como será,
se só, 
se com
 companhia,
mas,vá lá fora,
 sonhar!
Imperdível 
esta lua,
claridade 
circular,
benção, 
paixão,
doce 
melodia,
convite
 pr'amar.
*** 


Farol noturno
faíscas vivas
no sol da noite.
(Calu)
***
Bons sonhos para vcs! 


Imagem: flickrflávia

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Na Medida Certa

(Salvador Perez) 


A tal da medida certa é uma busca constante.Conseguir dosar com precisão a pimenta e o sal transforma qualquer feijãozinho em um manjar dos deuses.E o açúcar, então? Na medida certa é o néctar de sucos e sobremesas inesquecíveis.E, na esteira destas certeiras medidas, seguem outras mil situações de vida. O que  acontece na hora certa é marcante, seja uma palavra, um ombro amigo, uma comemoração...


Estou num destes momentos, onde caiu bem uma retomada de rumos.Filho, nora e crianças estão de mudança para o cantinho deles.
Desde a semana passada que meu coração está apertado de saudade.Um ano e dois meses de convivência não é pouca coisa.E, me acostumei ao movimento frenético de duas crianças, uma de nove anos e a outra de agora seis meses, nascida aqui, moradora do quarto ao lado, minha Valentina sapeca.


Embora a rotina seja capitã, não foram poucas as vezes que senti falta de um refúgio do burburinho.Um lugarzinho longe da algazarra.Na difícil realização do desejo,me adaptei e fui surfando conforme as ondas,ôpa!!


Sem tombos, nem ralação, aqui chegamos, nesta data que marca  a retomada de rumos da família, a deles, que será sempre a nossa, mas que precisa voltar a caminhar por seus próprios pés.Momento de satisfação por essas conquistas, mas de uma tristezinha também pela distância.Nada que muitas visitas por semana não curem.


Parei, olhei a bagunça em volta resultado da mudança inacabada e me vi retomando meu ritmo com prazer.O reencontro com o silêncio em medida certa, me recompõe.A retomada de minhas leituras no sofázinho que me cabe, me alegra.A pausa do ruído e a presença das minhas músicas preferidas, me alimenta.Os meus pequenos gostos, manias cultivadas, me reconstroem no melhor dos meus estilos ( como se referiu a Luma em post recente), o reflexo de mim mesma. 


Aperto o pause e vou para a leitura que me sorri sobre a mesa de centro da sala.
Fui!!!
*** 
Imagem: óleo sobre tela_Mulher com chapéu lendo/ Salvador Perez(Espanha-1948)